terça-feira, 4 de setembro de 2012

Ostra Feliz



        Essa semana ouvi um professor dizer algo a respeito de vivermos sob a ditadura do equilíbrio. Nunca fez tanto sentido. Nessa onda de filosofias orientais, o desequilíbrio virou pecado  mortal. Mas o que é equilíbrio afinal de contas, e eu fiquei pensando tanto, por que o equilíbrio, se não vivemos num mundo onde a balança seja igual? 
            Não há castigo, nem recompensa, apenas uma sucessão de acertos e erros, e eu tenho errado tanto e tenho pensado tanto nesses erros, mas não consigo parar de errar. E vou compreendendo mais coisas, foi como se o mundo entrasse pelos meus ouvidos, ultimamente tenho pensado e conversado tanto com tanta gente, são onze milhões que entram e saem do metrô, correm como loucos, vivem como loucos, estressados, a beira de um ataque de nervos, os passos rápidos, e tanta coisa a se refletir e tanta novidade e tanto assombro, tudo tendo que se encaixar a novas formas e novas conexões e novas coisas e novos ambientes e tudo tão fresco mas tão ultrapassado, eu não quero me equilibrar. Não foi do equilíbrio que me vieram as piores coisas que me aconteceram, mas também não foi do equilíbrio que vieram as melhores. Sentimentos, amores, dores, loucuras e dissabores, todos viscerais. 
      Não se sabe o sentido dessa coisa toda estranha que nos fazem chamar de vida, mas a verdade... às vezes dói nos ossos sabe-la, mas no fim todos nós acabamos frustrados, por que vivemos atrás de um equilíbrio impossível, de uma completude imaginária, que se fosse inerente ao ser humano não seria tão impossível de se alcançar. 
      Ostra feliz não produz pérola, ditado meio imbecil, desses que a gente compartilha no facebook, mas tem ressoado na minha cabeça esses dias. Não se trata todavia de felicidade, nem apologia a melancolia. Se trata de intensidade. Descobri que quem nada em águas rasas não se afoga. Simples assim. E nunca produzi tanto. A euforia salva. A depressão também. Há que se sentir, há que ser humano, tanto sangue nessas veias correndo a toa, equilíbrio é soldado marchando pra guerra, na mesma direção fria, as mesmas roupas, os mesmo cabelos, equilíbrio é pasmaceira, a natureza às vezes se cansa de seu próprio equilíbrio e nos manda furacões a arrasar com tudo, maremotos a tirar a calmaria de praias antes pacificas, é preciso cair e levantar, se dilacerar diante do mundo, por que ele é o que é, jamais equilibrado, por que é retrato do próprio homem que o habita. 

Um comentário:

Fábio Seletti disse...

Nossa Dani! Mandou bem demais! Me Calou fundo, mesmo!!!