sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Aniversário do Rodrigo

     
( Som na caixa que é hora de nostalgia... por onde anda o Roxette?)


     Todo ano, quando vem setembro (fresco e ensolarado), eu fico me perguntando se ao invés de ir aquele aniversário, eu tivesse ido para Minas, no casamento dos meus primos, como tencionava a principio. E tudo teria sido diferente, e tudo teria sido, mal ou bem, nada o mesmo, ouviria falar daquela festa, mas seriam lembranças dos outros. 
      Primeiro de setembro de dois mil e um. Eu fui a uma festa com minha prima. Antes, ela alisou meu cabelo com chapinha (pela primeira vez!) e eu ficava jogando ele de um lado para o outro impressionada com aquela nova tecnologia! 
    A festa começou as sete, o aniversariante fazia quinze anos e ganhou 450 cds da trilha sonora de "Um Anjo Caiu do Céu",  eu fiquei duas horas no banheiro olhando meu cabelo novo no espelho, minha prima olhou pra um cara num dos cantos da festa e disse "não gosto dele, por que ele me empurrou na fila da cantina semana passada", tocava Milk and Toast and Honey, eu fui perguntar pro cara por que ele tinha empurrado minha singela prima, tinha um videokê também (por que era moda nas festas da época), ele pediu desculpas pra Carol e no final das contas virou minha grande paixão da adolescência. 
        Eu achava me apaixonar a coisa mais brilhante da vida, cheguei da festa e me demorei a dormir.  Olhando para o teto de madeira do quarto na casa da minha avó, me senti muito mulher por estar apaixonada pelo cara que tinha conhecido horas atrás. Eu tinha treze anos .
       Desde então, todo ano, quando chega Setembro, tenho expectativas idiotas, como se o mês viesse abençoado por alguma magia que fará com que tudo dê certo. Minha pele não terá espinhas, todos os dias serão de sol, vai ventar no meu cabelo o tempo todo e eu ganharei uma viagem com tudo pago para a Irlanda, com direito a show do Westlife e cerveja grátis em todos os pubs de Dublin!
        Eu tenho essa mania de amor platônico. Paixonites curtas me inspiram, me fazem fugir a cabeça no metrô lotado às seis da tarde. Algumas das minhas amigas já nem levam mais a sério quando chego contando sobre como conheci o homem da minha vida, por que isso acontece uma vez por semana. No fundo eu também sei que não há de ser nada.  É sentir pelo simples prazer de sentir, se eu for uma pessoa que não sente nada eu não escrevo nada, e é melhor que eu escreva, pois não há nada que eu faça de melhor nessa vida, mesmo que não sejam coisas assim tão boas, é um habito que não conseguiria viver sem. No mais, na grande maioria das vezes, minhas paixões não vão além do plano das idéias, viram contos, e o objeto da paixão não toma nem conhecimento de tudo que se passa. 
Uma outra prima minha certa vez aos sete anos ouviu a expressão "amor platônico" e quando perguntei a ela o que significava ela responde "platônico é uma bolha!" e todos riram. De qualquer forma, foi uma ótima metáfora!

      Esse discernimento todavia é novo. Antes no tempo, eu tinha uma mania besta de querer transformar o platônico e querer torná-lo real, me jogava nesse vasto oceano de ilusões sem máscara ou escafandro. Mas, quando uma vez eu me afoguei quase fatalmente, aprendi a lidar com a superficialidade a meu favor. Me atirem pedras recheadas de frases de efeito do facebook, mas eu aprendi o valor do descartável. Não temos ombros suficientes para carregar todos conosco vida a fora, e ainda há tanta gente a se conhecer...
     Entenda-se, o momentâneo não é sempre ruim, nem sempre precisa ser vazio. Alguns chamam de energia, o santo que bate, vai entender! Mas tem certos encontros que de fato são deveras intensos e duram o tempo que precisam durar, nem um minuto a mais, nem um minuto a menos.
     Sou como uma novela mexicana. Sentimentos, amores, dores, loucuras e dissabores, todos viscerais. Podem ser curtos. Mas, o que é mais curto do que a própria vida humana, afinal? 
     Por fim, isso é uma fase, como tantas outras. Como toda boa mocinha de novela mexicana, eu ainda tenho resquicios de antigas vontades, e sei que hora ou outra vou me apaixonar por um mané qualquer que disser que leu meu blog e amou aquele conto sobre paixões platônicas que eu publiquei certa vez. E eu vou ficar doce doce doce.....

Em tempo: Parabéns atrasado por mais um aniversário, Rodrigo! Que você continue sendo essa gracinha de pessoa por mais 977 anos 

Um comentário:

Anninha disse...

Dani, adorei o texto...
Houve um tempo em que eu só vivia de paixões platônicas! Apesar de nunca serem reais, pelo menos nos dão a emoção de se sentir apaixonado, e sem fazer com que soframos tanto!