terça-feira, 17 de julho de 2012

Xavier

           Empurrei Pedro escada abaixo por que era melhor morto do que perambulando por ai. E acabei concluindo que estava louco quando ouvi gritar a Matilda dentro de seu avental branco "Xavier enlouqueceu!". E de fato estava mesmo louco, por que ninguém mata ninguém, como eu fiz, estando num momento de calma mental.
        Se houvesse ficado vivo, Pedro ainda estaria por aí, atrás de bons lugares onde colocar seu entumecido membro viril, mesmo contra vontades alheias, ele não valia muita coisa mesmo, pensando bem,
foi um favor que fiz ao mundo. Sua queda escada abixo chegou a ser até bonita.
          Mas eu estou maluco, claro, aqui sempre foi assim, Eles , os padres, (cujos nomes Matilda nunca diz, como se ao dize-los, invocasse demônios), dizem tudo, e se você não concorda você está louco, simples assim.
       E eles disseram "Pedro é perigoso, precisa ir embora!". E ele estava indo mesmo, para ele tanto fazia,  mas eu decidi que não, ele ficava e ficou mesmo, tá enterrado no cemitério ao lado da capela, a familia tem um jazigo lá.
       Meu quarto ficou vazio, eu disse que havia sido acidente , a Matilda se benzeu, é  unica mulher por aqui, obviamente é feia e velha, nossas líbidos passam longe dela. Meu quarto vazio e mais seis meses de qualquer outro companheiro de quarto a querer me perguntar se eu matei mesmo o Pedro ou se foi acidente. Matilda viu, mas quem leva as mulheres a sério?
       O Pedro me chamava de Nanico , mas não era tal gigante , uma noite perguntou-me se não era bonita a Mary Anne . Respondi que era sim, eu a tinha visto na festa da páscoa , veio com uma cesta de doces, os dois um dia ficariam noivos, era mesmo muito bela a Mary Anne. Ele riu-se, eu nunca teria uma mulher daquelas, baixinho dese jeito, ele enfatizou. A vagabunda não o deixava tocá-la, mas eu deixei que ele o fizesse "Vire-se então, Nanico..." a principio veio a dor,  e isso Eles aprovavam. Toda dor nesse mundo é permitida , depois disso nem as cores foram as mesmas.
     O Liceu  é todo feito de escadas de madeira bem lustrada, ainda é novo, mas amanhã será mal assombrado, eu lhe dei o primeiro fantasma: Pedro, que não vai mais embora.
       Se despediu de mim com um safanão " Te vejo por ai, Nanico!" pegou sua mala e foi descendo as escadas, deviam ser seis e meia, o mundo jantava  e eu o empurrei.  A vida seguiu, mas Pedro ficou.

Um comentário:

Unknown disse...

Hmmmmmmmmmmmmm....

Dexter medievo!!!

Massa!!!