sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Poema do Homem que Não Existe

O que homem que quiser
ganhar minha atenção
Terá de ser o primeiro
a aprender a dizer não.

Não fico muito contente
com aquele cara presente
sempre com a boca sorridente
a dizer sim condescendente.

Na verdade o que vou dizer
É que estou cansada
desses homens que me deixam correr.

Ae eu corro, eu fujo
E pra voltar não faço esforço
Se você com tudo concorda
Não é digno do meu reforço.

Por que ando preguiçosa
Desses vale paraibanos parados
A orbitar pelas baladas
Incapazes de formar frase descente
Se fingindo de inteligente.

Concluindo o que penso
Não gosto de homem que pede beijo
Quem pede se subjuga
Quem pede mostra ter medo

Se risco do tapa bem dado
É maior que a expectativa
De um grande beijo roubado
É melhor que volte pra casa
Dormir com a mamãe do lado!
=)

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Verão no Aquário * ou O Buda de Camiseta do Fiuk

-Então não sei mesmo o que acontece com as pessoas, mas acho que tenho uma certeza na vida...
- A morte?
-Não. A de que meu nome é mais falado naquele lugar do que gente pedindo pão francês na padaria.
-hahaha, será?
-Certeza. Até por que se eu bem me lembro, a diversão é olhar para fora e contar as modas novas. Como se tudo não passasse de um grande aquário, gigante,onde as pessoas estão presas olhando para fora esperando sua chance de sair.E esse negocio do aquário te pega tão de jeito que você demora a se dar conta que saiu. E quando alguém consegue sair, há o ressentimento de quem ainda não conseguiu escalar as grandes paredes de vidro. Você sabe..
-Mas o que isso tem a ver com o que tem falado?
-Você sabe que cobras também moram em aquários, não?
- Sim, me lembro de uma vez no Butantã, do medo ao caminhar pelos corredores , mal me movia, com medo de derrubar um daquele aquários, um daqueles vidros... não sei, foi uma sensação horrível...
-Você sabe que por muito tempo caminhei assim e não vou negar, com os braços encolhidos e os movimentos tolhidos, tamanho medo de despertar as cobras.
- Ah mas não me venha dar uma de ratinho desprotegido , até onde eu sei, o veneno, bem, esse não te falta.
-Sim, não falta veneno e não falta vergonha na cara também, você sabe,  para se destilar veneno é melhor que tenha bons antídotos guardados no bolso, mas eu ultimamente acabei gastando os meus por ai, então fiquei sem nenhum. Dai to nessa ressaca de veneno, que não sei se rio ou choro mediante as coisas que ando vendo.
-Nem ri nem chora, sei lá. Ignora.
-Ignoro. É uma boa ideia, você é sábio como um Budazinho, vou esfregar essa sua barriga e isso me trará muita sorte.Se não sorte, um pouquinho de diversão! Acho que eu devia trabalhar mais um pouco.
-Trabalhar? Mais? Uma que você não precisa tanto assim de dinheiro e mal tem tido tempo de decorar suas falas direito.
-Se tem uma coisa que adoro é ficar irritada com as questões do meu trabalho por que são superficiais de tal forma que me permitem não pensar mais em muita coisa e ao chegar em casa estou tão exausta que desabo na cama em sono tão negro e profundo, uma cegueira doce temporária, que me apaga a memoria e leva tudo embora.
-E o tupperware da sua mãe? Queimou?
-Queimou nada, deu uma derretidinha, mas na verdade nem tinha muito ali pra se queimar. Meia duzia de fotos e umas cartinhas tão falsas e distantes que me soaram como aqueles cartões que você compra nas lojas de conveniência do posto de gasolina quando esquece o aniversário de alguém  e precisa de um presente de emergência para não ficar feio. Acho que foi bem por ai, nada como uma noite dessas para trazer a tona essas definições, falso e distante como cartões de lojinhas de conveniência!hahaha tô ficando impagável!O que mais achei engraçado depois foi que mesmo mediante todo o espetáculo dramático no quintal ela só pôs a cara na janela e gritou"vai queimar minha vasilha!" E nem queimou nada, derreteu só um pouquinho.
-Hahaha. Mas, e  agora?
-Uai, vou comprar outra vasilha para ela assim que melhorar da ressaca de amanhã.
-Isso sim. É caro uma vasilha?
- Nada no 1,99 você compra várias por uma bagatela.
-Baga o que?
-Tela. Bagatela. Coisa barata. Nem me olha com essa cara por que essa gíria nem é da minha adolescência também. minha mãe que fala isso. Bagatela....hahaha engraçado!
- E depois disso tudo?
-Ainda se falará muito. Na verdade se falará enquanto eu der motivos para isso.E provavelmente eu darei por que na verdade acredito que deva ter se tornado algo de muito divertido me maldizer pelos cantos, tem gente que a gente adora odiar, não?
-Isso é bem tipico mesmo.Vejo isso na escola o tempo todo.
-Na escola, meu deus do céu,não diga essas coisas por que me sinto uma pessoa ruim. Isso sim me faz sentir uma pessoa ruim!
- Para com isso, que besteira. Eu acho que a gente devia ir pra outro canto.
-Eu achava também por que esse assunto já rendeu.
- Na verdade acho que rendeu mais que devia, o mundo esta cheio de coisas melhores a se fazer, vamos?
- Você é um bom menino! Vamos, antes que roubem meu carro e fiquemos a pé pra sempre.
-hahaha pra sempre por que? Se roubarem seu carro você nunca mais poderá andar em outro?
-Se roubarem meu carro fico sem teto! Se minha mãe já fez escândalo pelo tupperware imagine pelo carro?
-Faz sentido, faz sentido....
-Ow tia, vê a conta ai pra gente!










* Nome de um romance da afamada escritora Lygia Fagundes Telles.