quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Conselho de Segurança.

    Ela ainda pensou antes de lhe dizer, por que a tarde caia pesada de sol e calor e não haveria mais volta, depois de ditas as palavras fogem do controle, não são mais de quem as proferiu, sempre a mercê da hermeneutica alheia. Todavia era necessario. Arrumou a boina do uniforme que insistia em cair e enfim discursou: "Se houvesse um conselho para te dar nessa vida...Não, nessa vida não, por que essa vida é tempo demais e os conselhos, assim como concursos públicos e provas de certificados internacionais,  também caducam. De um dia pro outro as coisas mudam como se nunca tivessem sido diferentes. Bem, se pudesse então te dar um conselho para esse momento te diria, ou melhor imploraria, por que tenho por voce aquele apreço que dedico a poucos, pediria que por favor não caisse na besteira de se apaixonar por mim. Isso seria devastador no sentido mais negativo da palavra. Te faria infeliz, te faria miserável,  não se apaixone, fuja, com insanidade, fuja como se mais de duas pernas houvesse, corra sem olhar para trás, como se estivesse tentando alcançar um prato de comida após tanto tempo sem comer. Não sei se isso trará felicidade mas tenho por certo que evitará transtornos, evitará tristezas, evitará misérias...O que já é grande coisa nos dias em que vivemos..."
 Ele foi embora sem responder nada. Era tarde demais.

3 comentários:

... disse...

Besta... deveria ter arriscado...

Anônimo disse...

Deveria ter se apaixonado, do q viver por tempos enxugando gelo, represando um sentimento, tratando-o como uma ferida, tentando secá-la. Mas não consegue, pois coisas assim não são superficiais.
Deveria sim, ter se apaixonado, pois, mesmo tornado miserável por isso, continuaria sendo capaz de sentir a tristeza: no rosto de um solitário, numa tarde nublada de inverno, numa noite silenciosa...
Melhor estremecer diante do medo dessa miséria, a fugir...

Daniele Andrade disse...

meu anonimo querido,
não seja tão literal. nem sempre estamos preparados e certos investimentos exigem demais de nossa capacidade.Nem sempre é hora de se jogar em algo. As vezes é preciso reclusão, as vezes é preciso esperar...como já diria o poeta não haverão borboletas se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses. Certas precipitações são por certo desastrosas...cada um sabe quanto tempo perdeu se derramando em lagrimas por um leite derramado que há muito já secou. O que quero dizer por fim é que conselhos são para segurança. Arriscar-se é campo incerto sem resultado garantido.mas isso também depende do que se quer...