sexta-feira, 29 de abril de 2011

Emacipação II

Dani: Pai, seu aniversário esta chegando, o que voce vai fazer?
Silvio Prado: Eu vou andar de onibus de graça e  pegar fila  preferencial no banco. Acho que só.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Emancipação!

Mentiras sinceras me satisfizeram por um bom tempo, mas raspas e restos deixaram de me interessar há muito tempo...

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Cantigas (humor de feriado)

* Sete e sete são quatorze, com mais sete vinte e um , tive três namorados do mesmo nome que juram  que ainda morro de paixão por cada um!
* Pirulito que bate bate, pirulito que já bateu, vou alimentar o ego deles pra poder aumentar o meu!
* Atirei o pau no gato-to, por que ele-le é sem vergonha-a, jurava-va que era amigo-go, mas no fundo ele só quis me embebedar...miau!
* A dona aranha subiu pela parede, depois de algum tempo ela se acostumou.
* Ciranda cirandinha, vamos todos cirandar, vizinhos dêem  a meia volta e parem de me atormentar!



voltamos com a nossa programação normal...

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Esquina

Que foi feito dos meus antigos amigos? Viraram poeira, viraram hipótese. Quando fui ficar mais velha houve uma encruzilhada, ou melhor encruzilhadas: varios caminhos se abriram à minha frente e à frente deles. Cada um escolheu um. Nos despedimos e fomos emfrente. As vezes em algumas esquinas há um encontro, mas nos acostumamos tanto a andar sozinhos que na ocasião do encontros preferimos dobrar a esquina e acenar de longe...

Eu, o casaco do vizinho e a noite que não chega nunca....

Volto para casa ao entardecer.O céu está pouco azul e muito amarelo e o vento está cortante.Entro no meu apartamento e a noite não chega nunca.Vou então até a laje do meu prédio,o céu agora meio azul,meio amarelo.Desejo encontrar meu vizinho lá,eu já o vi subir lá algumas vezes,e seria bom vê-lo por que o vento está jogando meu cabelo para trás e eu acho isso muito poético.

Porém,lá em cima não o encontro ,na verdade eu nunca encontro ninguém,por isso já desisti de visitar pessoas. As vezes sou dramática,tenho dó de mim,como uma mocinha de novela mexicana.Auto piedade porém sempre me soou piegas,desprezo gente assim.O defeito é exclusividade minha.Faz parte do drama.

Desço a escada espiral do meu prédio rumo ao meu apartamento.A escada parece cenário de filme de terror,lúgubre com aquela luzinha meio amarelada,mas tenho que passar por ela sempre,pois não há elevadores,meu prédio é subdesenvolvido.

Chego de volta ao meu apartamento e ainda não é noite,é horário de verão,aliás que verão?É outubro e venta gelado como em junho.Parece até uma tentativa maluca do governo de importar os finais de ano gelados da Europa.

Beiro o ridículo e divago debilmente no sofá,enquanto ouço passos na escada espiral e um barulho na fechadura alheia.É o vizinho chegando ,cansado da labuta.Trabalha em fábrica.Um partidão!”, diria minha mãe. Toda mãe quer um genro que trabalhe em fábrica.

Cochilo e acabo sonhando que o vizinho vinha sobre mim e assoprava meu umbigo, com um barulho característico, como o que a gente faz com criança pequena.

Acordo assustada com a campainha.Pela janela ainda restam muitos vestígios amarelos no céu azul marinho,e eu sinto meu umbigo se perguntar se o vizinho realmente o assopraria na realidade.A campainha soa mais uma vez,impaciente. Abro a porta.È o próprio.Pergunto-me se ele também é sozinho.Deve ter uns trinta e dois anos.

-Vinte nove –ele me responde com uma xícara nas mãos.Eu não sou boa em adivinhações ou a labuta envelheceu meu vizinho?Ele veio apenas pedir café emprestado.E eu me resignei como sempre.

E nada da noite chegar.O vizinho volta para casa e eu deito no sofá outra vez.Havia um corpo estranho ali, um casaco esquecido.Deito no tapete, agarrada aquela terna lembrança, que exala odor desagradável de suor, mas é cheiro de gente, e eu sou a Robson Crusoé urbana,me apego a qualquer vestígio de humanidade.Seria o vizinho meu Sexta-Feira?Se for,chama-lo-ei Sábado ,pois no sábado é que as grandes coisas acontecem.De qualquer maneira sexta feira é dia de macumba e meu vizinho não merece tal alcunha.Sou viciada em português arcaico,amo mesóclises,me apego á elas por que foram esquecidas do vocabulário,assim como o casaco do vizinho foi esquecido em meu sofá,e eu fui esquecida do resto do mundo.

O céu agora é noventa e cinco por cento azul,já deve ter começado a novela,mas meus olhos estão pesados por isso eu os fecho tão rápido.Enfim a noite chega.Mas chega em vão,pois quando finalmente torno a abri-los,o céu está todo amarelo de novo.É dia e eu vou ter que esperar mais doze ou treze horas até ver a noite chegar outra vez.

domingo, 10 de abril de 2011

Das coisas que eu ouvi na faculdade...

"Mineiro gosta de ser capial.."( sobre essa coisa do orgulho mineiro)
"Nós os historiadores temos um problema...quero dizer, vocês têm , eu não..."
"Por que o que vocês não sabem é que um alemão já dizia isso antes do March Bloch"
"Pro pior não há limites!"
" Porrrque Varrrnhaguen dizia na página cento e quarenta e cinco de seu livro (..) da editora (...) lançado no ano (....) e no paragrafo (.....)"
"Hello, I'm Peggy Lee from Alabama!"
"E é isso, o resto da matéria a gente discute um dia no bar!"


..eu ainda me lembrarei de mais absurdos ditos pelos academicos desse Brasil. Sem o minimo vestigio de saudades, apesar dos risos.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Um Bom Partido ( breve epitafio do que viria...)

Um bom partido.Foi exatamente assim que ele se definiu.Engraçado.Foi como ver as mulheres da minha família descrevendo um rapaz que tenha um emprego numa fabrica qualquer e um carro.Não gostei.Ultimamente tenho me sentido sufocada como um peixe do lado de fora de seu aquário.Ossos do oficio de se estar no lugar errado no momento errado.Como diria uma tia ,cabeça não pensa,corpo padece.Mas,já que estamos aqui ,vamos ,que assistamos esse filme até o final, não é mesmo?Há sempre um diploma no fim do túnel,já diria o ditado.

Um bom partido. Eu já era pra ter me acostumado com esse tipo de comentário,afinal, depois de tanto tempo convivendo com tanta falta de jeito ,ou o cristão desiste ou persiste com fé.Eu tenho persistido com fé, levando nas costas meu pote sem fim de paciência.

Um bom partido.Ajoelho e agradeço a Deus tamanha benção .Todavia, a paciência que divinamente eu tenho tido tem me levando ao que os psicólogos chamariam de uma anulação de mim mesma.Pura rotina,eles dizem isso pra todas .De qualquer forma, o que os ingleses costumam chamar de myself trava uma luta diária para sobreviver.No fim do dia me sinto uma mulher de verdade....igual aquela do samba,lembra?

Um bom partido.É claro,foi só uma piada.Mas,conhecendo os homens de sua procedência sei ler o principio de verdade embutido em suas palavras.Não deixa de ser.Quando hoje em dia,vou encontrar um homem responsável ,estudioso,prestativo e bonzinho na horas vagas?Eu devia me sentir lisonjeada .

Um bom partido.E eu,uma indecisa na vida, de certa forma é assim que as coisas terminam.Não precisei viver muito para descobrir como as coisas funcionam quando se trata de relacionamentos.A principio ,sempre o principio,com a empolgação, vem a admiração.Compreensível em parte por causa da arte da retórica perfeita que me é inerente.Oras,uma mulher interessante,que fala bem,mas que no fim não se interessa por nada além de sapatos bonitos.

Um bom partido.Mas não me enquadro no seu perfil,de longe e sem óculos tenho certeza que é fácil enxergar.O que faço eu a perambular por ai com um candidato a intelectual?Ao meu QI mediano,um homem de exatas!Falta de valor por falta de valor, que eu tenha ao meu lado um homem de gorda conta bancaria.Gastar dinheiro não é algo que exija muito raciocínio de ninguém até onde sei.E a universidade tem se mostrado um antro de pseudo inteligência.O problema é que eu nunca soube fingir.

Um bom partido.Mas tenho um plano.Volto para casa da mamãe de mala e cuia e arrumo um trabalhador de alguma fábrica ,que tenha um carro.Sorte a dele,ora ora!Vai levar consigo uma Amélia cheia de veleidades culturais.Ela escreve bem,fala bem ,dança e até canta .Bordados e musicas ao piano a serem negociados.

Um bom partido.Algo que minha mãe sempre quis.Todavia ,eu de malas prontas e mudança arrumada ,ela sentou-se ao meu lado e advertiu-me sobre o tratamento que os homens daquela região destinavam as moças.Ora não seria possível,eu não acreditei.O mundo já dera voltas suficientes ao redor do sol depois que as mulheres queimaram sutiãs em praças públicas ,não era possível tamanha tolice de mamãe.Porém ela riu e hoje descobri:A tolinha era eu .

Um bom partido.Minha auto estima não gostou de ouvir isso.É claro,ela ainda existe.Mas a esperança é um sentimento mentiroso.Infeliz do homem que espera do homem um pouco de compreensão.E a arte é algo incompreendido, pobre daqueles que nasceram para ela,são uns imundos por que passam a vida tentando se fazer entender.E morrendo de fome nos intervalos.Bobagem tentar mudar.Os metódicos tomaram conta do mundo,bonecos e bonecas que me lêem,não tentem viver de arte,a menos que gostem de morar embaixo de pontes.

Um bom partido,foi o que ele afirmou.E todo castelo que tinha construído ao longo do tempo ruiu em uma frase.É o resto do myself gritando em sobrevida.Se hoje é assim,amanhã já não há.E não há desculpa.Foi o ato falho de Crasso que levou Roma ao fracasso.